sexta-feira, 24 de novembro de 2017

[Opinião] Minha Sombra Cabe Ali - Leon Idris #219

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Editora: Publicação independente

N° de Páginas: 240

Quote:
As pessoas são textos em busca de abreviação. Elas começam dizendo mais do que precisam, depois se dão conta de que podem dizer menos."

Sinopse:
  Um retorno à cidade de Cristina, interior do sul de Minas Gerais, faz ressurgir lembranças e uma voz que ninguém pôde ouvir.

"Eu queria ter o brio de um filósofo ou a inocência da mocidade para voltar a ver na finitude uma curva, um nó do tempo. Assim, a agonia poderia descansar e a memória deixaria de ser um lugar tão impiedoso às revisitações.
Caso alguém tenha descoberto esta escritura é porque cumpriu-se um desejo. Toda palavra quer romper o papel e ser lida, quer trair quem a colocou aqui e correr em direção a outros olhos, que possam entendê-la melhor e ver sentidos além dos planejados. Quem tira a palavra do silêncio não sabe do que ela é capaz. Há quem diga que ela pode sempre menos do que pensamos, que ela nunca alcançará a realidade plenamente. Mas a palavra quer sempre mais do que nós podemos dar."

Opinião:
  Nota mental: não esperar vários meses pra vir falar de um livro por aqui.
  Se eu ler algo enquanto o Hiattos estiver em hiato vou deixar sem postagem, ainda que existem livros onde vários detalhes continuam bem vívidos na memória mesmo depois de um bom tempo, e felizmente esse é um deles.
  Esse livro é uma auto ficção, onde o autor pega uma viagem que fez a Cristina, cidade onde passou a infância e começa a criar, ele conhece alguns parentes distantes e logo é confrontado por um mistério, ao rever a casa de seu avô, um cômodo secreto guardando objetos misteriosos, logo os membros da família se empenham em descobrir o que está tão bem guardado.
"Caso alguém tenha descoberto esta escritura é porque cumpriu-se um desejo. Toda palavra quer romper o papel e ser lida, quer trair quem a colocou aqui e correr em direção a outros olhos, que possam entendê-la melhor e ver sentidos além dos planejados. Quem tira a palavra do silêncio não sabe do que ela é capaz. Há quem diga que ela pode sempre menos do que pensamos, que ela nunca alcançará a realidade plenamente. Mas a palavra quer sempre mais do que nós podemos dar."
  Lá os personagens encontram um livro e um diário, e a partir daí somos jogados vários anos no passado e os personagens começam a acompanhar a vida de um antepassado recente, suas lutas, trabalhos, amores e desafios. Essa parte é muito envolvente e quero realmente que tenham o prazer de se deliciar a cada página com a forma que o autor (que já era um dos meus favoritos) narra essa história, não apenas por saber empregar termos eruditos e formar passagens belas, mas pela imaginatividade, e a capacidade de criar cliffhangers em situações cotidianas, em conseguir dar uma bela virada de mesa onde nem sequer percebíamos que havia uma mesa para ser virada.
"Por outro lado, será que alguém tem o privilégio de descer a esse mundo se que já esteja às suas costas uma terra prenhe de cadáveres. Uma lágrima precede cada sorriso, não vemos as árvores caídas, com suas raízes levantadas do chão. Não sentiremos as feridas que a luz não alcança. Nenhum de nós dá voz ao pó, que nos ameaça sufocar em eterna penitência."
  Acredito que a mensagem principal, a mais visível, por assim dizer, porque há vários ensinamentos mesmo nas entrelinhas, é que estamos onde estamos, em boa parte, pelo esforço de quem veio antes, e devemos reconhecer isso, a vitória da qual desfrutamos hoje é da luta que foi travada pelos nossos pais e avós antes mesmo de nascermos, e devemos continuar lutando para que quem vier depois também tenha o que desfrutar, somos ramos de uma árvore, e devemos sempre lembrar da importância da raiz e do caule.
"O tempo e a lembrança produzem carunchos que se localizam somente naquelas lembranças de que tentamos esquecer, e ali nos corroem, como se nos clamassem, pedindo que não nos esqueçamos. Não nos esqueçamos! É só isso o que pedimos a nós mesmos, secretamente. Talvez a memória não nos assombre se atendermos a esse pedido."
  É um livro fenomenal, e mesmo assim não é a melhor coisa que o autor já escreveu, ele escreveu meio que às pressas para poder participar de um concurso, enquanto O Deserto dos Meus Olhos foi escrito em, se não me engano, quatro anos, esse foi escrito em poucos meses, mas não tem nenhuma característica de uma história escrita às pressas, pelo contrário, é uma história fluida que parece ter sido concebida com muito tempo de estudo.
  Leon Idris é um jovem com um futuro brilhante no meio da literatura nacional, ele tem alguns contos publicados também, você pode dar uma olhada clicando aqui ou aqui.


quarta-feira, 15 de novembro de 2017

[Enquadrando] Tex: O Profeta Indígena

HQ ♦ Salvat ♦ Sergio Bonelli ♦ Tex ♦ Onde Comprar


  Tex provavelmente é o mais famoso personagem dos quadrinhos italianos, e um dos mais antigos dos quadrinhos mundiais, apesar disso essa é apenas a segunda história que leio do personagem.
  Tex é lançado no Brasil de forma ininterrupta a mais décadas do que eu tenho de vida, e normalmente os fãs são assustadoramente fervorosos.
  Mas por que é tão pouco conhecido, ou pouco lido, não se vê muita gente falando sobre Tex na blogosfera. Ele é um quadrinho meio fora da curva, não segue o padrão de irrealidade dos quadrinhos que fazem mais sucesso em nosso país, são histórias mais realistas, estilo bang-bang ambientado no velho oeste americano.
  Tex Willer, também conhecido como Águia da Noite pelas tribos indígenas é um ranger do Texas (lembra dos filmes de Chuck Norris?) que tem seu grupo formado por Kit CarsonKit Willer e Jack Tigre.
  Outro motivo que faz com que Tex seja pouco conhecido e comentado nessas terras tupi-niquins é o fato de ser lançado aqui pala Mhytos Editora, uma editora não muito conhecida (apesar de lançar também personagens como Konan e Hellboy) e que pratica preços abusivos em suas publicações, a coleção da Salvat vai dar continuidade a uma coleção que a Mythos lançava, o encadernado é colorido e em capa dura (além de formar um painel quando juntar todas as lombadas), parecido com as edições da Mythos, enquanto a Salvat vende pelo preço habitual de R$39,90, a Mythos tinha como preço de capa R$79,90 e esse é o preço comum deles, as edições de J. Kendall: As Aventuras de Uma Criminóloga também são lançadas pela Mythos, formato pequeno de qualidade bastante inferior, saem por mais de R$20,00 o volume.
  Então, se querem conhecer o personagem e colecionar boas histórias aproveitem a coleção da Salvat.
  Mas agora vamos falar sobre a história: Um recluso Hualpai tem uma visão onde o Grande Espírito aparece para ele na forma de um grande urso negro e lhe incumbe da missão de juntar as tribos para uma guerra contra o homem branco, e ele logo coloca seu plano em prática para incitar os indígenas à guerra, Tex é avisado por Dois Troféus, um xamã que não aceita se unir para a destruição do homem branco.
  Uma coisa bacana é que apesar de ser ambientado no velho oeste e eu ter lembrado constantemente do livro-documentário Enterrem Meu Coração na Curva do Rio, nosso protagonista não expõe nenhum tipo de preconceito em relação aos índios, ele quer impedir uma guerra, e como todo bom bang-bang ele acaba matando alguns inimigos (vários, na verdade).
  É claro que as histórias são visadas em colocar os texas rangers como heróis, o que na vida real não era exatamente assim, como pode ser visto no livro supracitado. Mas é um bom divertimento, além de mostrar o perigo de líderes fanáticos capazes de manipular as massas.

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  O grupo de Tex, como já disse é formado por quatro homens, na foto acima podemos vê-los, da esquerda para a direita: Jack Tigre, um índio Navajo que luta pelo bem comum e paz entre os "pards" e os índios ao lado de Tex, mesmo não fazendo parte dos texas rangers; Kit Willer, filho de Tex com uma mulher navajo chamado Lilith, foi criado entre os navajos, que o chamavam de "Pequeno Falcão", depois de perder a mãe se juntou aos Rangers para seguir os passos do pai, mesmo que este não quisesse essa vida para o filho, foi batizado com o nome de Kit em homenagem ao padrinho, que ele chama de tio; o próprio Tex e Kit Carson, o veterano que se tornou parceiro de Tex quando esse entrou na força policial conhecida como texas rangers.

Sinopse da Edição

Manitary é um jovem profeta pele-vermelha que, "guiado" pelo Grande Espírito, quer reacender o orgulho dos Hualpais. Tomado por esse sonho impossível, ele desencadeia um inferno, reunindo em um único exército todas as tribos do deserto, a fim de derrotar e expulsar para sempre os homens brancos das terras do Sudoeste, que outrora pertenceram aos nativos. Mas, em seu caminho, Manitary encontra Tex Willer e seus Pards, decididos a tudo para impedir que uma suposta profecia maluca se transforme em uma carnificina inútil.


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Como estou usando postagens comuns para dar avisos, aqui vou postar o resultado da enquete da última postagem, sobre os livros que serão "resenhados" no blog, será na ordem do mais votado para o menos.

 E é isso!


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