quarta-feira, 22 de julho de 2015

[Opinião] O Álbum - Timothy Lewis #140

Editora: Novo Conceito

Nº de páginas: 240

Trecho:
“Duas conchinhas, juntas lado a lado,
Indo e voltando ao sabor do mar abalado,
Duas conchinhas que um homem recolheu.
Duas partes, um belo camafeu.
Duas conchinhas, delicadas e orgulhosas,
Criadas pelo Autor de obras maravilhosas,
E as duas conchinhas são enviadas a você por mim,
Porque eu sei que compreende as maravilhas de Deus no mar sem fim”.

Sinopse: Para Adam, negociante de objetos usados, a casa de Gabe Alexander é apenas uma propriedade que será esvaziada e vendida pelo maior lance. Entretanto, em meio às prateleiras repletas de relíquias, um álbum antigo atrai sua atenção. Nele há cartões-postais amarelados pelo tempo, escritos ao longo de 60 anos. Intrigado, Adam começa a lê-los: eles estão cheios de frases românticas e delicadas, as provas do amor incondicional entre Gabe e Pearl Alexander.

Gabe cuidava para que um cartão chegasse às mãos de Pearl todas as sextas-feiras. Cada um deles possui não apenas um poema, mas verdades preciosas sobre o cotidiano de um casal que viveu um sonho. A soma de todas essas verdades talvez responda perguntas que Adam se faz há muito tempo.

Opinião:
  Devo confessar antes de qualquer coisa, que suspirei de forma negativa quando peguei este livro nas mãos. A combinação entre capa, premissa e titulo me desanimaram porque parecia que a leitura seria maçante e piegas acima do permitido pelo meu sistema. Pelo menos para mim, não havia nada de atraente nele a primeira vista, mas como sou uma pessoa forte, iniciei a leitura com coragem e bravura (palmas para mim \o/).
  É realmente muito bom quando você não tem nenhum tipo de expectativa positiva sobre um livro – e talvez, se eu tivesse, teria me decepcionado muito – porque assim que iniciei, percebi que talvez pudesse ter me enganado. Não foi uma experiência fora do normal, mas foi bom. Creio que a palavra certa seja reconfortante, e vou explicar o motivo:
  Adam é um homem divorciado que ainda lida com as consequências de seu casamento frustrado, além de um pouco desacreditado quando o assunto é amor. Pelo menos até uma visita à casa de um casal falecido para a venda de seus pertences.
Ali na residência dos Alexander, Adam encontra um álbum com cartões-postais de Gabe para sua esposa, escritos todas as sextas-feiras durante as seis décadas de casamento, cheios de romantismo e afeição. Adam então se vê obcecado pelo casamento duradouro e aparentemente feliz do casal... Mas qual o segredo para manter a chama da paixão durante tanto tempo?
  A partir de então, somos lançados entre o presente e um passado que começa lá atrás, em 1926, quando Gabe e Pearl se conhecem, e apaixonam-se a primeira vista.
  O livro é narrado em primeira pessoa por Adam, mas o passado do casal Alexander é narrado em terceira pessoa, dividindo-se entre os dois. No inicio, imaginei que teria algum tipo de dificuldade, mas tudo fez sentido no final e o trem não saiu dos trilhos. A narração é muito delicada e romântica, e como a época é a década de 20, senti que as coisas se encaixaram do jeito certo. Existe toda aquela prosa gostosa, a delicadeza e poesia do seu tempo, e a experiência de ter sido lançada nesse cenário foi muito boa.
  Pearl Alexander é uma mulher que eu aprendi a admirar conforme eu lia. Dentre os limites de sua época, Pearl é uma mulher independente e rebelde. Obviamente nem tudo são flores e em alguns momentos ela me irritou profundamente. Mas eu senti nela uma boa pessoa, que não é perfeita, mas que tem ótimas qualidades.
  Já Gabe é um homem romântico que combinou com o seu tempo. Suas ações e gestos para com sua esposa me fizeram sorrir, porque sejamos sinceros, os relacionamentos de hoje são tão sólidos quanto água... E quando lemos algo assim, passamos a ter esperanças. Quem sabe existam pessoas como Gabe Alexander andando por aí? E eu nem falo no romantismo, a personalidade de Gabe vai muito além. É o respeito com sua parceira, a gentileza, a generosidade... atrativos que vem se perdendo rapidamente hoje em dia.
  Gostei muito do andar da história, e de acompanhar os anos de casamento dos Alexander. Confesso que conforme eles envelheciam eu sentia certa angustia por saber que a previsibilidade da morte separaria o casal, mas foi bom ter o início, o meio e o fim da vida deles – o que me causou um caroço na garganta.
  Uma curiosidade muito legal é que a obra é baseada na história real dos tios do autor. Depois da morte deles, Timothy Lewis encontrou um álbum no lixo, com cartões postais escritos pelo tio para a esposa, entregues toda sexta-feira durante todo o seu casamento ^^.
  Apesar de a narração às vezes chegar a ser maçante, no geral ela é bonita. Confesso que achei um pouco exagerado todo o esforço do casal para manter-se unido – sempre imaginei que as coisas deveriam ser mais leves do que isso – mas parando bem para pensar, realmente não deve ser fácil manter um casamento por tanto tempo e amando uma pessoa da mesma forma sem o mínimo de esforço.
   Existe uma gentileza, um charme sutil que borda a obra de forma que passamos a ter um pouco mais de fé e esperança na humanidade. E quando enfim terminei a leitura, senti meu coração um pouco mais leve.
  Espero que a experiência seja tão proveitosa para vocês como foi para mim!








5 comentários:

  1. Oi Carol!
    concordo contigo, pela capa eu não leria esse livro.
    E a sua resenha até deu uma aliviada nos pontos negativos do livro, mas creio que a alma deste não se salvou pra ir pro paraíso da minha estante! EUHEUEHEUHU

    Bjs da Le
    www.leversosecontroversias.com

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    Respostas
    1. P.S.
      Concordo com você, sobre as pessoas se perderem no tempo em falsidade, mentiras, fazendo com que desacreditamos que existam pessoas de bem.
      Mas acredite, pessoas 'boas" existem, e não são poucas mesmo sendo a minoria.
      O comodismo, o modismo e a desesperança é que fazem a gente descrer.

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    2. Oi Letícia... tudo bem?
      Às vezes não tem santo que nos convença a ler um livro mesmo! haha
      O que eu gostei nesse livro, foi que ele trás problemas sociais da época, e que ainda vemos refletidos em nosso tempo.
      Existem pessoas ruins sim, mas ler sobre pessoas boas me faz sentir bem... e me faz lembrar que eu estou rodeada por muitas delas - sorte a minha!

      Bjs... e até mais!

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  2. Oi, Carol! Tudo bem? Eu adorei a premissa desse livro e fiquei curioso para lê-lo. Parece ser um livro bem bacana e marcante! Espero lê-lo em breve. Adorei a resenha! :)

    Abraço

    http://tonylucasblog.blogspot.com.br/

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  3. Oi! Tudo ótimo, e com você? rsrs
    A história é linda... tem um toque vintage, sabe? Espero que você curta assim como eu curti :D

    Beijos

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