quinta-feira, 30 de abril de 2015

[Opinião] Feliz Por Nada - Martha Medeiros #127


Editora: L&PM

N° de Páginas: 211

Citação:
Fico me perguntando como é que vai ser daqui a um tempo, caso não se mantenha o já parco vínculo familiar com a literatura, caso não se dê mais valor a uma educação cultural, caso todos sigam se comunicando com abreviaturas e sem conseguir concluir um raciocínio. De geração para geração, diminui-se o acesso ao conhecimento histórico, artístico e filosófico. A overdose de informação faz parecer que sabemos tudo, o que é uma ilusão, sabemos muito pouco, e nossos filhos saberão menos ainda."

Sinopse:
  "Dentro de um abraço é sempre quente, é sempre seguro. Dentro de um abraço não se ouve o tic-tac dos relógios e, se faltar luz, tanto melhor. Tudo que você pensa e sofre, dentro de um abraço se dissolve." É com a força transformadora de um abraço que Martha Medeiros abre este novo livro de crônicas e é com a mesma singeleza e olhar arguto para o cotidiano que a escritora ilumina algumas das questões mais urgentes do século XXI. A destacada romancista, cronista e poeta, que já teve obras adaptadas para o cinema, para a tevê e para o teatro, fala aos leitores com a sinceridade de um amigo e materializa as angústias e os anseios da sociedade pós-tudo, que vive acuada sob o grande limitador do tempo. Nesta coletânea de mais de oitenta crônicas, Martha Medeiros aborda temas muito diversos e ao mesmo tempo muito identificados com o leitor. A autora tem o dom de aproximar assuntos por vezes fugidios - como é próprio do cotidiano - de questões universais, como o amor, a família e a amizade, e criar lugares de reconhecimento para o leitor, como ao falar de Deus, dos romances antigos e novos, da mulher, de escritores e cineastas que são imortais, de se perder e se reencontrar, do que a vida oferece e muitas vezes se deixa passar. Feliz por nada, afirma Martha Medeiros, é fazer a opção por uma vida conscientemente vivida, mais leve, mas nem por isso menos visceral.

Opinião:
  Ué Rudi, teremos postagens todo dia agora? Só até eu me organizar...
  Então meu povo, se vocês me acompanham no Instagram viram que eu quase não gostei desse livro, considerando o tanto de marcações que eu fiz...
  Vi uma entrevista da autora falando que foi esse livro que alavancou sua carreira de escritora, apesar de lançar coletâneas de crônicas desde a década de 90 e esse conter o período de 2008 a 2011, segundo ela é por causa da palavra "feliz" na capa, vai saber...
  Como já especifiquei é um livro de crônicas, o que já o torna atraente, e são crônicas da Martha, o que o torna indispensável... Já é o segundo livro de crônicas que leio da autora, e achei que ela está mais engraçada nesse, ela continua dando belas alfinetadas não só ao poder público como também ao povo, tenta abrir os olhos, nem que seja a força, das pessoas que reclamam de tudo sem fazer nada para melhorar sua situação, que quanto mais o povo desprezar a educação e a cultura mais acoada ela vai ficar, menos pessoas vai alcançar e ainda surgirá um falando que o país deveria investir mais na mesma, mesmo sendo um dos que desprezam a arte do teatro ou dos livros.
  Ela fala sobre notícias também, comenta sua opinião sobre elas. Eu, que adoro uma boa treta, adorei as discussões levantadas pela autora, em especial uma que ela intitulou "Nós, os trogloditas" onde um venerável vegetariano fica atormentando Deus e o mundo por comer animais, vou até me obrigar a colocar o que ela falou depois do cara soltar um "Esmagar uma mosca na TV mostra que Obama não é perfeito".
"Pois é, Bruce, Obama não é perfeito, e ainda por cima é chegado num bife. Perfeitos são os que patrulham as pessoas que matam moscas e se alimentam de carne. Nem todo mundo é evoluído, Bruce. Nem todos têm seu grau de consciência ecológica e ambiental. Ainda há muita imperfeição no mundo. Diria até, Bruce, que há imperfeições mais nocivas à sociedade do que as que você combate. Dá pra acreditar que há seres humanos que, além de comer carne e matar moscas, são capazes de jogar bombas em passeatas gays, de empregar parentes que são pagos com dinheiro público, de esfaquear maridos e de espancar meninas até provocar traumatismo craniano? Pois é, Bruce: tem gente que mata gente. Ou gente e mosca dá no mesmo?"
  Mas nem tudo é ataque, a autora conta experiências de vida, fala sobre determinado livro, filme ou peça que leu/assistiu e ainda nos traz algumas reflexões super bacanas como as crônicas "A turma do Dããããã" que é meio treta também, mas enfim... "Na Terra do Se" e "Quando Deus Aparece" também estão entre as minhas favoritas.
  Claro que nem em todos os momentos eu concordei com a opinião dela, mas isso não diminui a forma incrível com a qual ela a expõe.
  A edição está incrível, não sei dizer que tipo de papel foi usado no miolo, mas é um papel que além de amarelado é grosso e macio, ótimo para se ler, as bordas das folhas fazem um "vvvvv", que minhas tantas marcações não me permitem mais ver :p
 
Apesar de ter achado o livro incrível, ele não entrou para os meus favoritos como o outro que li da autora, que por acaso: você já votou em quer que ganhe ele??? (clique aqui e vote)

4 comentários:

  1. Oi, Rudi! Tudo bem? Eu adoro crônicas e tenho muita curiosidade em conhecer o trabalho (tão elogiado por ti) da Martha Medeiros! Só de ler esses trechos do livro que você separou, percebi que a autora tem uma escrita afiada e que ela faz várias críticas à assuntos do nosso dia a dia , então já adorei o estilo dela! haha Ótima resenha! :)

    Abraço

    http://tonylucasblog.blogspot.com.br/

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    1. É exatamente isso Tony, vi um vídeo da Patrícia Pirota dizendo que ela é bem mais sutil nos dias de hoje, quando ela começou escrever crônicas suas frases arrancavam cabeças de um golpe só, e não é só por mim que ela é elogiada... clica na foto do livro lá em cima e veja a nota que ele tem no Skoob

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  2. Essa Martha está sendo um sucesso por aqui, hein, Rudi! Fico aqui com vontades constantemente crescendo de ler obras dessa autora, desde o primeiro livro por ti resenhado "A graça da coisa" ao qual eu posso sair eliminado com ele nas mãos, o que já seria algo de muita sorte, visto que eu aqui não tenho quase 1%de sorte.. kkkkkkkk
    Ótima resenha, mas pensei que o livro ficaria em favorito!


    gabryel fellipe - quimeras mirabolantes

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    1. Acho que ele não me tocou tão profundamente quanto A Graça da Coisa, apesar de que umas duas crônicas do primeiro terem me incomodado e nenhuma desse ter feito o mesmo acho que ainda prefiro o outro, parece mais completo sabe... falando sobre tudo, doa a quem doer, nesse apenas alguns comentários dentro de uma crônica ou outra me desagradou, mas nada tão arrebatador como no outro (te confundi? diz que eu consegui vai...)
      Não vou mentir, suas chances de ser eliminado próximo dia 10 são grandes....

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