segunda-feira, 13 de outubro de 2014

[Opinião] O Príncipe da Névoa - Carlos Ruiz Zafón #93


Editora: Suma de Letras

N° de Páginas: 180

Citação:
Durante esse breve transe, passou pela sua cabeça a terrível certeza de que todo o seu mundo estava prestes a desaparecer para sempre, inclusive os amigos da escola, a turma da rua e a banca de jornal na esquina com seus quadrinhos prediletos. Assim, de uma hora para outra."

Sinopse:
  Uma casa na praia abriga um mistério inimaginável...
  Em 1943, a família do garoto Max Carver muda para um vilarejo no litoral, por decisão do pai, um relojoeiro e inventor. Porém, a nova casa dos Carver está cercada de mistérios. Atrás da casa, Max descobre um jardim abandonado, que contém uma estranha estátua e símbolos desconhecidos.
  Os novos moradores se sentem cada vez mais ansiosos: a irmã de Max, Alicia, tem sinhos perturbadores, enquanto a outra irmã, Irina, ouve vozes que sussurram para ela de um velho armário. Com a ajuda do novo amigo, Roland, Max também descobre os restos de um barco que afundou há muitos anos, numa terrível tempestade. Todos a bordo morreram, menos um homem - um engenheiro que construiu o farol no fim da praia.
  Enquanto os adolescentes exploram o naufrágio, investigam os mistérios e vivem um primeiro amor, um diabólico personagem começa a surgir: o Príncipe da Névoa, capaz de conceder qualquer desejo a uma pessoa - mas cobrando um preço alto demais...

Opinião:
  Zafón definitivamente sabe meter medo... (e lembrem que eu não fiquei com medo lendo O Exorcista)
  A história começa com Max e a família se mudando para um vilarejo no litoral para "fugir da guerra" ao descerem do trem um gato (enorme peludo de olhos dourados) que até então estava simplesmente parado se levanta e vai até a irmã mais nova de Max, e o garoto tem a impressão de que aquele gato estava aí apenas esperando por eles, depois de uma certa insistência Irina, a irmã mais nova, consegue a permissão dos pais para levar o gato para casa, casa essa onde um médico, cujo filho morreu afogado, morava a alguns anos... atrás dessa casa há um jardim de estátuas representando uma trupe circense...
  Esse foi o primeiro livro do autor, e podemos perceber que não tem o mesmo "sabor" dos que vieram depois (Pelo menos do Marina, que foi o único outro dele que li), não que a narrativa seja ruim, ela continua gostosa e fácil (mais uma vez li o livro em menos de um dia... em cerca de 4 horas na verdade) os personagens são convincentes e os acontecimentos são muito bem elaborados e tudo tem uma amarração perfeita no final.
  Diferente de Marina, nesse o autor não dá explicação nenhuma sobre a parte sobrenatural da história... é realmente sobrenatural...
  As descrições dos momentos de tensão são de dar inveja a qualquer escritor de terror/suspense, o autor consegue passar uma agonia até descrevendo a estátua de um palhaço... deixando claro que aquele palhaço não é simplesmente um palhaço...
  Tem um acontecimento (terrível) envolvendo uma criança de 8 anos que quase me fez largar o livro e ir pro colo da minha mãe (sim, tenho 21 anos, mas isso não me impede de, em determinados momentos, querer fugir para perto da minha mãe u.u ), se realmente quiser saber que acontecimento é esse vou deixar na parte do spoiler lá em baixo...
  A edição está super caprichada, adoro livros que tem uma imagem que começa na capa, passa pela lombada e termina na quarta capa...
  Se for para resumir o livro em uma frase vou "roubar" a do Financial Times: "Zafón mistura generosamente amores adolescentes, pactos demoníacos, lobos do mar, palhaços assustadores e destroços mal-assombrados."
  Sim, tem um romance adolescente no livro mas felizmente não é meloso e não travou a leitura, é bem distribuído entre momentos de ação...

A nota não podia ser outra

Um Comentário com spoiler

A parte do acontecimento terrível envolvendo a criança está na página 64/65-69 e fala: "No começo Irina pensou que estava ouvindo a voz de sua mãe no andar de baixo. Andrea Carver costumava falar sozinha enquanto girava pela casa, e nenhum membro da família se surpreendia mais com esse hábito materno de dar voz aos seus pensamentos. Um segundo depois, porém, Irina viu a mãe pela janela despedindo-se do pai, que estava indo à cidade acompanhado de um dos motoristas que tinham trazido a bagagem da estação. Naquele momento, Irina percebeu que estava sozinha dentro de casa e a voz que teve impressão de ouvir devia ser uma ilusão. Até que voltou a ouvi-la, dessa vez dentro do seu quarto, como um sussurro que atravessava as paredes.
A voz parecia vir do armário e soava coo um murmúrio distante, cujas palavras era impossível distinguir. Pela primeira vez desde que tinham chegado à casa da praia, Irina sentiu medo. Cravou os olhos na porta escura do armário, que estava fechado, e verificou que a chave estava na fechadura. Sem parar para pensar, correu até o móvel e girou atropeladamente a chave até ter certeza de que a porta estava perfeitamente trancada. Foi então que ouviu de novo aquele som e compreendeu que não era uma voz, mas várias vozes sussurrando ao mesmo tempo.
 - Irina? - chamou a mãe do andar de baixo.
  A voz quente de Andrea Carver a retirou do transe em que estava mergulhada. Uma sensação de tranquilidade tomou conta dela.
 -Irina, se estiver aí em cima desça para me ajudar aqui.
 Nunca, em meses, Irina teve tanta vontade de ajudar a mãe, fosse qual fosse a tarefa que a esperava. Estava pronta para correr escada abaixo quando, depois de sentir uma brisa gelada acariciar seu rosto através do quarto, viu a porta do quarto bater de um só golpe. Irina correu até lá e tentou girar a maçaneta, que parecia travada. Enquanto lutava em vão para abrir a porta, ouviu que, às suas costas, a chave da porta do armário girava lentamente e que aquelas vozes, que pareciam vindas das profundezas da casa, riam.
Irina sentiu as mãos se enrijecerem de tanto forçar a maçaneta sem conseguir nenhum resultado. Sem fôlego, virou e se encolheu com toda a força na porta do quarto. Não pôde evitar cravar os olhos na chave que girava na fechadura do armário.
  Por fim, a chave parou e, impulsionada por dedos invisíveis, caiu no chão. Lentamente, a porta do armário começou a se abrir. Irina tentou gritar, mas sentiu que o ar lhe faltava e não teve forças para articular nem um sussurro.
  De dentro da penumbra do armário, emergiram dois olhos brilhantes e familiares. Irina suspirou. Era o gato. Era só o gato. Por um segundo, pensou que seu coração ia parar de puro pânico. Ajoelhou-se para levantar o felino e percebeu então que, atrás do gato, no fundo do armário, havia mais alguém. O felino abriu a goela e emitiu um silvo grave e estremecedor, como o de uma serpente, para depois sumir na escuridão, com seu amo e senhor. Um sorriso de luz se acendeu nas trevas e dois olhos brilhantes como ouro incandescente pousaram sobre os seus enquanto aquelas vozes, em uníssono, pronunciavam seu nome. Irina gritou com todas as suas forças e se lançou contra a porta, que cedeu diante dela, fazendo com que caísse no chão do corredor. Sem perder um instante, se jogou escada abaixo, sentindo o hálito frio daquelas vozes na nuca."

2 comentários:

  1. Oi Rudi! Eu já ando querendo ler esse livro desde que fiz um post sobre ele e os outros dois os quais ele é interligado, mas agora, depois de vc falar que o livro é exatamente do jeitinho que eu gosto, quero ele pra ontem! :)
    Te indiquei pra uma tag, viu?! Espero que goste!

    http://maisumapaginalivros.blogspot.com.br/2014/10/tag-e-selinho-53.html

    Beeejo!

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    Respostas
    1. Vai fundo Milly, acho que você vai adorar...
      muito obrigado pela indicação... vou responder sim ;)

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